domingo, 31 de outubro de 2010

Eleição já tem um perdedor: o mesário...mas sua versão 2.0 mata o tédio com tecnologia

Quem é mesário posta: “puuuutz”, “que saco”, “porcaria de 2º turno”, “é osso”, “aff”, “é tenso”, “eita TRE da moléstia”, “é dom”, “haja paciência”, “tô injuriado”, “me ferrei”.
Quem escapou da obrigação cívica tira um sarro: “kkk”, “meus pêsames”, “hahaha”, “me compadeço de sua dor”, “hihihi”, “mesário otário”.

NOSSA DEMOCRACIA HIGH-TECH
Luiza Cusnir mostra iphone na seção: ela se queixa da função, mas dá no final o placar da urna.

 

 


 

Ana Carolina Santos olha mensagens postadas, lembrando que acordou cedo para a função cívica



Na festa da democracia, eles são os garçons. Outros preferem se auto-intitularem “escravos do TSE” ou “serventuários da Justiça Eleitoral”. Se há um perdedor nestas eleições, este é o mesário.
Pelo menos é isso o que transparece pelas mensagens que eles postam nas redes sociais da internet. A eleição de 2010 inaugurou o mesário 2.0, aquele leva seu smartphone para o jogo eleitoral e conta seu diário “ao vivo” desde suas seções.
Perder o domingo no meio do megaferiadão, ter faltado à noitada de sábado e acordar cedo para estar às 7h a postos são as principais lamentações.
Mas tem mais. “Cheiro de naftalina, senhorinhas que não sabem votar, cheiro de escola estadual!”, “Ser mesário é: ver brasileiro burro” ou “Me sinto um cidadão respeitável quando grito `agora aperta o botão verde´ para uma velhinha” são alguns exemplos.
Pior vem quando o modo “humor negro” é ligado: “É melhor ser mesário do que ser cadeirante.”
Fora a autocomiseração, a ironia é marca da maioria das mensagens. “Já estou com minha poker face para exercer minha cidadania como mesário”, posta um deles. “Ligeiramente zoado, virado na balada, mas estou aqui fortalecendo as instituições. Voto é consciente, mas eu tô inconsciente”, escreve outro. “Vou perder um churrálcool neste domingão, mas vou garantir toda a lisura do processo”, brinca um terceiro.
Dos escrevinhadores virtuais, quase nenhum acredita nas justificativas oficiais para sua presença, com argumentos do tipo “o mesário é personagem importante do processo eleitoral, pois representa o povo, constrói a democracia, legitima a Justiça e contribui para a efetividade dos princípios republicanos".
Eles preferem brincar com a função. “De novo a campanha: Não maltrate o seu mesário. Ele não tem culpa do seu mau  humor. Ele está pior que você”, “Seja bondoso com seu mesário, leve uma bolachinha”,  "Não sensualize com o mesário. Rico não é chamado pra ser mesário, logo, ele será pobre. Mesmo se for bonito, controle-se".
No  Twitter, a palavra “mesário” foi trending topic por conta de tantos comentários. O Brasil se orgulha de sua democracia high-tech feita de urnas eletrônicas, mas elas não estão sozinhas as seções eleitorais. E não estou falando das câmeras da mídia se acotovelando por imagens dos poderosos votando: milhares de celulares nas mãos dos mesários estão contando a história desse dia de votação.




 

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